Quem tem mais de quarenta anos sabe do que estou falando.
O dragão da inflação que queimava o poder de compra de nossos salários.
Foi um tempo em que não se sabia o que se ganhava e muito menos o que se gastava.
Passamos pelo tempo de relativa estabilidade, quando chegamos a um período de relativa organização econômica e social, fomos atacados pelo gasto excessivo e pela roubalheira. Em momentos assim, onde há, relativa sobra de caixa, o que se deve fazer é consolidar esta posição, com investimentos onde, o crescimento dos retornos sejam garantidos.
Os anos 2000 foram esse período, alta nas commodities, maior fatia de nossa pauta de exportação, forte de investimentos externos, promessas de um crescimento a longo prazo.
No entanto os governantes do período, aproveitaram esse momento, onde tudo é festa, para distrair a população e fazer a limpeza do caixa. O que na época foi um oba-oba deixou seu custo ao futuro.
O país perdeu a oportunidade de embasar a arrancada para uma condição melhor e teve seus recursos diluídos nos esgotos da corrupção.
Além da vergonha de se ver enganado, o brasileiro se viu roubado. Isso trouxe um sentimento de revolta que foi canalizado para um desejo real de mudança.
O desencanto com a classe politica e seus ícones, atingiu o fundo do poço. A percepção que não há quem seja por nós atingiu uma boa parcela. A busca por uma nova direção se fortaleceu no meio da sociedade e a partir desse ponto iniciou-se uma caminhada que nos trouxe até aqui.
No meio dessa trajetória uma nova liderança foi alçada a condição de catalizador das forças que desejavam essa mudança. A eleição de 2018 cristalizou o marco inicial dessa que seria a tomada de poder por forças da sociedade, e não mais por marionetes do sistema.
De lá para cá, a batalha tem sido árdua. Todo ponto de avanço tem sido negociado e alvo de enormes embates.
O último entrave nesse caminho, foi o que resultou dessa crise sanitária. A descentralização do poder de Brasília. A partir desse evento a sociedade viu seu poder ser diluído em milhares de prefeituras e governos estaduais, o que antes era concentrado em Brasília, mesmo que de forma desastrosa, passou a ser dividido por todo o país.
Era de se esperar que o caos e a desordem se instalassem nesse momento, os agentes e a sociedade não estavam acostumados a esta nova ordem, isso levou a abusos e a desmandos que devem ser corrigidos no caminhar da história. Uma nova nação deve surgir deste emaranhado de questões e vozes. Um novo caminho se solidifica no horizonte, “Mesmo que uns não queiram. Será de outros que esperam. Ver o dia raiar”. Guilherme Arantes.
Com esta perspectiva, vivemos um tempo onde por decorrência, do que aconteceu no mundo em relação a crise sanitária, enfrentamos problemas econômicos causados pela desorganização produtiva e logística.
Essa desorganização tem produzido uma onda de elevação de preços no mundo todo. Fenômeno conhecido como inflação.
Voltando a pergunta inicial, a inflação voltou para ficar? Eu particularmente acredito que não, e vou além, acredito que ela já dá sinais de estar perdendo forças, principalmente aqui no Brasil. Os números ainda assustam, mas uma varredura mais ampla dos indicadores do mercado embasa está posição. Estamos entrando no período de maior pressão no varejo, onde as compras para as festividades do encerramento do ano tendem a elevar o consumo e a consequente valorização dos produtos. Porém a curva dos gráficos relativos a estes números, não sustentam esta perspectiva, elas, muito antes do momento certo começam a perder a força de alta, e indicam um período de menor consumo. Seja por medo ou por impossibilidade real de gastos, as pessoas estão menos inclinadas ao espirito de festas, comum nessa época do ano. Mesmo muito antes dos efeitos da elevação das taxas de juros que tem por objetivo justamente o freio nesse ímpeto de gastos.
Esta perspectiva ainda não foi percebida ou alardeada pelo mercado, isto me põe outra pergunta, é inocência ou premeditação?
O mercado de capitais tem sempre seus interesses encobertos, e no Brasil isso é muito acima da media mundial.
A propagação do temor e da instabilidade geram oportunidades de ganhos incomuns em tempos de calmaria, então manter este estado de coisas é vantajoso. Esse pensamento aliado a interesses em um ano de eleições para o parlamento e majoritárias são, com gasolina e fogo para um incêndio.
Por essa combinação, é que temos tido um ano de muito stress no mercado. A flutuação dos índices e do dólar tem repercutido estas forças ocultas.
Negociar no mercado de ações e de ativos se torna um grande desafio em tempos assim. Obter lucros nestas condições exigem bastante atenção e apurado sendo de oportunidade.
A inflação veio para ficar. Por um tempo. No mundo todo. Essa dimensão de tempo é que vai ser o desafio dos agentes econômicos, o stress causado por ela nas economias é que é o maior problema, encontrar uma saída para esta situação será o desafio de agora em diante, não pode ser por força e muito menos por inépcia, tem que ser natural e gradual para que não cause condições de permanência.
Diante disso o mercado segue soluçando entre altas e baixas, hora por pressão de movimentos políticos, hora por busca de ganhos oportunos.
Hoje o cenário é de indecisão, com petróleo em queda, minério de ferro também e um movimento muito fraco de alta nos mercados mundo afora.
No mercado interno, apesar das desastradas falas politicas do ministro do supremo sobre o modelo de governo do país, e de uma promessa um tanto quanto vaga de aumento dos funcionários públicos para 2022, pode ir as compras dos ativos que, ontem despencaram. O dólar deve repercutir o ânimo político de instabilidade e alavancar uma alta no dia.
Esse pode ser o cenário para o dia. Bom negócios e bom dia.
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