Pare, olhe, escute.

Esta era uma frase que me trazia curiosidade na infância. Naquele tempo, há muito tempo, eu morava próximo ao cruzamento de uma rua com a linha férrea. Nesse cruzamento tinha uma placa com a frase titulo deste artigo. Na minha inocência infantil, eu achava interessante essa frase, e por muito tempo não associei o significado dela ao perigo daquele cruzamento. E assim vivi por muito tempo passando por aquele caminho, e não entendendo o recado, mas agindo de acordo com o que ele recomendava. Minha mãe sempre me alertava, preste muita atenção ao passar pela linha do trem. Esse ensinamento me acompanhou por toda a vida, pare, olhe, escute. Estar atento ao que ocorre a sua volta é de suma importância na vida adulta. Para quem se interessa por politica e economia, isso é fundamental. Os sinais estão aí, basta identificar. Naquela inocência, debruçávamos sobre os trilhos, e com o ouvido colado sobre o metal frio, tentávamos identificar as vibrações que a composição propagava pela estrutura. Assim é para quem deseja ver o mundo sem nevoas ou lentes cor de rosas. O horizonte de hoje nos mercados mundiais está assustador. Por todas as direções que olhamos os sinais estão negativos, há uma queda generalizada nos índices. A noticia de alta taxa de inflação no mercado americano, impactou os mais incautos. A necessidade de elevação dos juros pelo FED, causa temor e calafrios nos observadores, mas se encostarmos “nossos ouvidos” sobre os trilhos, veremos que os juros dos títulos de 10 anos do tesouro americano, já trazem esta alta, o T10 saltou de 1,2 % a seis meses para 2,05 % com viés de alta. O mercado já vem precificando este movimento. Esse “barulho” que paira sobre esta alta, tem mais jeito de ruido do que de sinfonia. Com elevação modesta, o minério de ferro segue em busca de patamares que já esteve a tempos atrás, com alta nos últimos dias vem recompondo os preços, no ultimo pregão no mercado chines, acumulou 0,3 de crescimento. Os temores de que a demanda de petróleo seguira maior que a oferta, também pressionam o valor do barril para cima. Com esse panorama o mercado nacional tem dado sinais que está descolado do conjunto dos demais índices mundiais. Nos últimos dias, apesar de grandes batalhas em direção a queda, o IBOV tem se mantido muito próximo a taxas de alta, contrariando essa percepção negativa mundo afora. Acredito que devido a nossa taxa básica estar em trajetória de alta, os investidores externos tem corrido para o nosso mercado em busca de ganhos locais. Isso explica a relativa queda no valor da moeda americana. O dia de hoje promete ser uma passagem em nível. Acredito que seguindo o movimento geral externo, devemos ter um inicio em queda, porém, como é muito comum no pregão brasileiro, essa tendência pode se reverter por volta das 10:30/12:00, seguindo na luta pela definição de direção, com o palpite de que termine o dia rompendo em direção a alta do índice, por pressão do comprador externo. Com mais um dia de queda do dólar. Portanto, pare, olhe, escute. Ser atropelado por um trem, geralmente não sobra muito do que se recuperar. Fique atento aos sinais, e observe o movimento do mercado, atravesse com segurança e tenha um bom dia.