Do que se trada o titulo acima. A definição do preço de um objeto ou serviço, é realizada partindo-se de várias componentes. Basicamente são: Matéria prima, mão de obra, tecnologia necessária, parque fabril utilizado, impostos e margem de ganho. A soma destas partes, produz um padrão de valor do que foi realizado. Quando este item ou serviço se destaca no mercado, ele torna-se um modelo de comparação. A Coca-Cola atingiu este status como bebida refrigerante, por seu pioneirismo ou por um padrão na sua qualidade. Diante deste fato, todos as demais bebidas destinadas a este mercado, fatalmente serão comparadas a ela. Eu me utilizei desse exemplo para analisar o atual momento no mercado mundial. Muito se fala do mercado de dólar. Por sua estabilidade, como símbolo de uma nação inovadora e com um mercado produtivo pujante, o dólar se estabeleceu como moeda padrão de comparação para o sistema de trocas no mundo. E ao longo dos últimos cinquenta anos, os EUA reinaram como nação soberana nas relações internacionais. Após a queda do muro de Berlim que marcou o fim da União Soviética, esta percepção de hegemonia americana ficou mais presente, porém com o desenvolvimento de novos mercados, como a União Europeia com a pujança da economia Alemã, e o consequente fortalecimento do bloco, esta hegemonia começou a ser contestada. No episódio da bolha imobiliária americana, a relação estreita que havia nos mercados americanos e europeu contaminou os sistemas dos dois grupos. Em paralelo a estes acontecimentos, o desenvolvimento do continente asiático ocorrido a partir da abertura comercial da China na década de setenta, gestou um novo monstro a ser dominado. Com um imenso contingente de trabalhadores dispostos a trabalharem por horas intermináveis em troca de pequenas parcelas de ganho. O país se destacou na economia global, engolindo quase que todo o parque fabril de todos os demais países. Com esta nova força de trabalho disponível, os preços das mercadorias desabaram nas prateleiras do restante do mundo. Nesse movimento, restou aos trabalhadores de outras nações a migração para o mercado dos serviços. A soma destes fatores produziu uma falsa percepção de que a fartura tinha vindo para ficar. Mas, como era de se esperar, o desenvolvimento do país asiático iria chegar a um limite, e em dado momento ele se tornaria o consumidor de sua própria riqueza. Este momento é chegado. A atual crise é a soma dos fatores acima. Os garçons pararam de fazer o serviço da festa, agora eles exigem serem servidos. Tudo o que descrevi até aqui foi para contextualizar o momento de desequilíbrio cambial que vivemos. Como o indexador de toda economia global é o dólar, e ele é controlado pela autoridade monetária americana, o gigante asiático viu que esta condição é que mantém o poder de uma nação sobre as demais. Se você emite a nota de crédito usada por todos, você controla a sua riqueza e a riqueza alheia. Necessitando se libertar desta amarra de riqueza controlada externamente, o governo chinês vem se movimentando para conseguir quebrar esta hegemonia. Mas como todo o sistema econômico mundial está atrelado e está metodologia, qualquer movimento contrário ao sistema, causa um abalo de proporções gigantescas. Ao verem que o gigante se movimentava nesta direção, outras nações contrariadas com este controle imposto, seguiram na mesma direção, engrossando o coro desta reivindicação. Esta crise que vivemos é uma tentativa de bloquear este movimento. Esta dinâmica já foi posta em prática no evento de dois mil e oito, quando, como citado acima, a economia europeia teve seus pilares abalados pela estreita relação com o mercado de hipotecas imobiliárias americanas. Naquele período o bloco europeu crescia como um forte oponente a esta força exercida pela economia americana. Baseado no crescimento das economias do continente, como Alemanha, França e Itália, o euro valorizava-se rapidamente e iniciava um movimento de indexação de contratos, ameaçando o dólar como ancora. De lá para cá o bloco mergulhou numa rota de desmantelamento a ponto de tornar-se dependente de basicamente uma única fonte de energia, o gás russo. Com estes acontecimentos chegamos ao atual estado da economia. Novamente um forte oponente se impõe a hegemonia do dólar e trava uma batalha contra esta força. O desenrolar da crise iniciada no final de dois mil e dezenove ainda terá muitos capítulos a frente, mas a atual elevação dos juros nos EUA, para o combate a inflação, que se alastrou por todos os continentes, tem o objetivo profundo de causar o desequilíbrio cambial para a redução das riquezas locais, impondo a dependência profunda a moeda americana. Este movimento ousado, poder ser a pá de cal na cova da economia americana, que hoje não detém mais o controle da produção como tinha a décadas atrás. Para isso basta que alguns países de porte no comercio internacional, encontrem um acordo para a indexação de suas transações que não necessite do padrão dólar. Feito isto, teremos o fim do American Dream. Estamos na eminência destes dias. É sobreviver para ver. Lembrem-se, toda decisão leva a uma ação, toda ação tem consequências. Verifiquem todas as variáreis antes de tomar uma direção, o arrependimento não desfará o resultado, o que será possível, é buscar a recuperação da perda, que, geralmente é muito mais trabalhosa do que a construção correta. Um bom dia e pensem.
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