Este tema me veio à mente, ainda antes da eleição do atual governo. Por volta de dois mil e dezesseis, dezessete. Lá ainda não havia sido cunhado o termo que é usado para definir os movimentos que seguem nesta batalha, não vou aqui nominar, pois não é o tema central deste artigo. A “democracia de rua” como vemos no presente, nasceu ainda na antiga Grécia, berço deste arranjo de organização social. Para entendermos o sentido do que vem acontecendo no mundo na atualidade, e particularmente no Brasil, devemos retornar um pouco no tempo. Como disse acima, a democracia surgiu da necessidade dos Gregos de organizarem suas Cidades, de forma que houvesse harmonia e equilíbrio entre seus membros. Como o “ser humano”, é um ser de hábitos sociais, tendemos a nos aglomerar em volta de um objetivo comum. Este comportamento de associação, advém do fato de que, nossas habilidades naturais, são limitadas a pequenos universos. Em nossas origens, ainda nos tempos pré-históricos, alguns desenvolviam habilidades de caça, enquanto outros se adequavam as tarefas de coleta e preparo de alimentos, estes caminhos, não ocorreram por imposições dos grupos, eram características naturais desenvolvidas a partir do aprendizado ou do esforço próprio. Este padrão, é facilmente percebido quando nos juntamos, para algum tipo de evento ou comemoração. Os posicionamentos de cada indivíduo, surgem espontaneamente, diante das lacunas do sistema que vai se formando. Ao longo do tempo, este convívio tende a gerar pontos de conflito. A física das coisas, nos mostra que, a aglomeração de forças, tende a gerar pontos de conflitos, e por decorrência, a elevação de temperatura dos sistemas. Esta verdade, nos traz de volta ao centro desta conversa. Quando se coloca “azeite” em um sistema em conflito, o atrito tende a se reduzir, e assim, ocorre a “refrigeração” do ambiente. Nas sociedades, esta propriedade de “refrigeração e lubrificação” dos pontos de contato é realizada pela política. Sua tarefa, é estabelecer um conjunto de normas e regras, que sejam reconhecidas e aceitas pelo grupo social a que ela se aplica. Então, fazer política, não é coisa de um grupo específico ou dominante, ela nasce de cada indivíduo que compõe o grupo em questão, pois, se um indivíduo, deixa de seguir o que foi estabelecido, há nesta conduta a “corrupção” do acordo firmado, e uma vez quebrada a harmonia “azeitada” pelas normas, o atrito se instala e a temperatura se eleva, induzindo a desestabilização de todo o conjunto. O momento que vivemos hoje no Brasil, e um retorno aos tempos áureos do inicio dos sistemas democráticos. A democracia como forma de discussão das normas sociais, saiu dos gabinetes pomposos e retornou ao seu berço de origem, as ruas. Nelas, vemos hoje, mesas de bar, rodas de amigos, conversas de portão, grupos de redes sociais, reuniões virtuais, um sem número de “especialistas”, debatendo os termos do acordo social. Isto é a efervescência e a maturidade de uma nação. Um acordo social, só se torna bom a todos os seus membros, se discutido exaustivamente em cada recando de sua vigência. Cada dúvida, cada polêmica, deve ser esmiuçada até os ossos, para a cristalização do consenso. Enquanto isto não ocorre, as arestas seguirão, causando atritos infinitos no íntimo de uma sociedade. Danificando o frágil tecido que detém a trama do bom convívio. Portanto, este pipocar de vozes bradando por uma revisão dos fatos, é salutar, e próprio do fortalecimento dos músculos de democracias sólidas.
O desfraldar de bandeiras, e a exposição de dúvidas, é primordial no estágio em que se encontra a sociedade Brasileira, no momento de sua consolidação, como uma sociedade limpa e destinada ao lema que se insere em seu pavilhão nacional. O ordenamento jurídico, só se estabelece sobre normas claras e imparciais, compreendidas e aceita por todos os membros de uma sociedade, onde a ordem deve preceder ao progresso.
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