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Julio Damião sempre abrindo os olhos do mercado

  Júlio Damião Júlio Damião • 1º • 1º Estrategista em Finanças / (CEO) IBEFMG / Conselheiro Independente / London Stock Exchange (LSEG) - Refinitiv/ Mestrado (Business) / Professor (Compliance) / Estrategista em Finanças / (CEO) IBEFMG / Conselheiro Independente / London Stock Exchange (LSEG) - Refinitiv/ Mestrado (Business) / Professor (Compliance) / 1 h • Editado •  1 h • Editado • Tecla SAP:  A Evergrande (> Incorporadora imobiliária da China) entrou com pedido de falência nos EUA. Esta semana tivemos a notícia de que o presidente do conselho foi colocado sobre vigilância (preso em casa), e que as negociações das ações foram canceladas em Hong Kong. As ações já desvalorizaram 98%. A empresa acumula dívidas de U$ 340 bilhões (R$ 1,7 Trilhão) = Petrobras (R$ 471 Bi) + Vale (R$ 301 Bi) + Ambev (R$ 205 Bi) + Itaú (R$ 243 Bi) + Bradesco (R$ 140 Bi) + BTG (R$ 124 Bi) e BB (R$ 135 Bi) Juntas... Tem mais de 1.300 empreendimentos e 200 mil funcionários. As agências de risco ...

Caminhos do desenvolvimento. A trajetória de uma crise.

A crise da nova era

DALL-E -digital

 

A evento sanitário de 2020 foi o start de uma crise anunciada. A estruturação política e econômica que vinha acontecendo desde os anos 1980, trouxe o mundo ao momento em que vivemos hoje.

O pós guerra vivido nos anos cinquenta do século passado, alavancou o desenvolvimento que ocorreu na Europa e nos EUA. A máquina produtiva que havia nos dois lados do Atlantico recebeu um impulso gigantesco com a reconstrução que ocorreu no velho continente. As mudanças no sistema econômico e financeiro resultante dos acordos decorrentes do conflito, permitiram a multiplicação da riqueza nos dois lados do oceano. A ideia de um mundo de progresso e paz foi propagada para todos os continentes. O surgimento da guerra fria no final dos anos cinquenta, impulsionou o desejo de união para a defesa do modo de vida ocidental. A pujança econômica e o sentimento de liberdade, empolgaram os cidadãos que sonhavam com um mundo livre e prospero. Esta visão de mundo moveu barreiras a liberdade e foi em busca de erradicar a miséria.

A concentração de riqueza no continente europeu e na américa do norte foram a locomotiva que rebocou o progresso do mundo até meados dos anos 1980.

A entrada da China no modo de vida ocidental foi orquestrada por Nixon e seus contemporâneos, com o objetivo de abrir o imenso mercado inexplorado que jazia na tentativa de transformação realizada por Mao Tsé-Tung. A tão falada Revolução Cultural implementada por Mao resultou em miséria e atraso ao país. A China era um território “virgem” para a cultura ocidental. O símbolo máximo do capitalismo, a parceria Coca-Cola e McDonald, foi estampado nas paginas dos jornais como o início de uma nova revolução.

De lá para cá o mundo passou por uma transformação brutal, a industrialização do país oriental, não criou um novo parque industrial, ela foi responsável pela drenagem de empregos em todo o mundo. Fabricas fechavam nos países de origem e abriam na nova fronteira, onde o trabalhador estava acostumado com condições mínimas e miséria. Esta realidade remodelou todo o ocidente, onde levas de desempregados passaram a depender da ação do estado para as condições mínimas de vida. A realocação desta massa de trabalhadores no ocidente, fomentou o desenvolvimento do setor de serviços. Novas “necessidades” foram criadas, facilidades foram propostas para absorver os interesses e a disponibilidade dessa mão de obra.

O desenvolvimento tecnológico experimentado pelo ocidente revolucionou a sociedade, a ponto de os velhos modelos de convívio, como comunidades religiosas e agremiações sociais serem destruídas ou desarticuladas na busca da individualidade e do prazer imediato. Esta transformação nos hábitos e costumes deterioraram o tecido social e a política ocidental. A busca pelo resultado imediato e pela fortuna rápida tornou-se o objetivo dos ocidentais.

Enquanto o ocidente passava por esta desarticulação social, a locomotiva oriental se aparelhava e criava suas bases para confrontar os costumes e as práticas políticas e econômicas dos seus tutores.

A crise sanitária mostrou que o ocidente estava vulnerável e preso ao poder dado ao oriente. A máquina produtiva estava alocada em territórios que o ocidente não dominava e controlava.  A estocagem de containers vazios nos portos do ocidente por não serem atrativos no retorno aos parques industriais do oriente foi a imagem desse poder. Navios ancorados ao largo dos portos por não terem como aportar e despejar suas cargas, alertaram que o sistema produtivo estava erradamente distribuído. A China agora era a segunda maior economia do mundo e o centro de produção do planeta. Tudo vinha de lá, de fralda descartável a tampa de refrigerante. O mundo parou.

Hoje os países correm para recuperar o tempo perdido na comemoração dos produtos fabricados a menos de um dólar a unidade, mas, o desenvolvimento já não está mais baseado na indústria primária, e suas levas de trabalhadores, esta hoje, busca uma nova fronteira onde se estabelecer. Os portos chineses já não desejam mais toneladas de ferro em minério, eles querem Louis Vuitonn, Chanel e McLarem. Mesmo que os insumos básicos sejam fabricados na fábrica ao lado de sua casa.

Diante da atual crise, que é atribuída aos eventos ocorridos a partir de dois mil e vinte, culminando com o conflito na Ucrânia. o mundo busca uma nova configuração de forças.

A proposta de domínio do oriente como foi elaborada lá na década de 1970 do século passado, resultou na construção de um forte oponente no cenário mundial. A derrocada da União Soviética ocorrida no final dos anos 1980, que fazia parte do plano de hegemonização do poder por parte das forças ocidentais, resultou em uma polarização ainda mais forte nos tempos atuais. A China não é uma estrutura política corrompida e carcomida por inúmeros erros do passado como foi a União Soviética, ela é hoje uma sociedade fechada, extremamente controlada e que seus cidadãos estão mais interessados em usufruir do desenvolvimento conquistado nos últimos cinquenta anos de regime politico centralizado e economia voltada para exportação e desenvolvimento.   

Derrubar esta estrutura será impossível para o ocidente, o melhor caminho é o convívio harmonioso e a cooperação na exploração das novas fronteiras que hoje se mostram principalmente na Índia, América Latina e África. Sendo Índia a base para a industrialização secundária, e a África para a industrialização primária com exploração e extração de minérios e metais preciosos. A América Latina, tem no Brasil um líder no desenvolvimento e garantia da abundância de alimentos e nutrientes tão importantes nesse novo século.

Esta nova composição de forças ainda caminha lentamente, más será inevitável ao longo dos próximos anos.

A mesa foi dividida e deve receber novos jogadores, não há como a velha elite reinar sem súditos.

Este cenário deve levar o mundo a alguns confrontos ainda por vir. A guerra da Ucrânia irá ate as margens da loucura para a humanidade, porém o risco de uma catástrofe global impedira de mentes enfurecidas pelo ego acionem o botão do apocalipse.

Acredito que o equilíbrio de forças está próximo, teremos talvez um ou dois anos de angustia a frente, porém os jogadores já não carregam em suas mãos os “ases” necessários para manter o blefe que hoje sustenta na mesa do jogo de pôquer que é a geopolítica. A forças começam a mostrar suas dores e ferimentos, ferrenhos parceiros de mão abandonam a mesa, e o verde do feltro mostra-se esgarçado e sujo pelas mãos indevidas que se apoiaram sobre ele.

Não há vencedores sobre uma terra morta e devastada.   

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