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Julio Damião sempre abrindo os olhos do mercado

  Júlio Damião Júlio Damião • 1º • 1º Estrategista em Finanças / (CEO) IBEFMG / Conselheiro Independente / London Stock Exchange (LSEG) - Refinitiv/ Mestrado (Business) / Professor (Compliance) / Estrategista em Finanças / (CEO) IBEFMG / Conselheiro Independente / London Stock Exchange (LSEG) - Refinitiv/ Mestrado (Business) / Professor (Compliance) / 1 h • Editado •  1 h • Editado • Tecla SAP:  A Evergrande (> Incorporadora imobiliária da China) entrou com pedido de falência nos EUA. Esta semana tivemos a notícia de que o presidente do conselho foi colocado sobre vigilância (preso em casa), e que as negociações das ações foram canceladas em Hong Kong. As ações já desvalorizaram 98%. A empresa acumula dívidas de U$ 340 bilhões (R$ 1,7 Trilhão) = Petrobras (R$ 471 Bi) + Vale (R$ 301 Bi) + Ambev (R$ 205 Bi) + Itaú (R$ 243 Bi) + Bradesco (R$ 140 Bi) + BTG (R$ 124 Bi) e BB (R$ 135 Bi) Juntas... Tem mais de 1.300 empreendimentos e 200 mil funcionários. As agências de risco ...

Tempos de mudança. Acumulo de energia para o evento.

Sinais no horizonte.
Oleg Gamulinskii - Pixabay


Na expectativa da divulgação da ata da última reunião do FED, o mercado digere as notícias negativas vindas do oriente.

As informações de que as finanças chinesas não estão tão bem como se imaginava, abala os investidores em todo o mundo, o peso do país na economia global, interfere profundamente no equilíbrio dos principais mercados desenvolvidos e emergentes.

A reavaliação da qualidade dos títulos dos EUA, agora se alastra para o seu sistema financeiro interno. As agências de risco, ameaçam reclassificar importantes instituições do país.

A deriva em que se encontram economias como, China, EUA, Reino Unido, Alemanha, França, Brasil, Argentina, traz preocupações aos centros de decisões espalhados pelo mundo.  

O que parece preludio do caos, é apenas a reorganização das forças na mesa de decisões.

Nenhum dos players está em condições de impor seus interesses, tudo está no plano das negociações e arranjos políticos e comerciais. A formação de blocos laterais, tem sido a maneira como os lideres tem trabalhado para conseguir levar a frente seus objetivos.

A crise desencadeada em 2020, libertou vozes que vinham a muito tempo silenciadas.

O abandono sentido por países do continente africano, no socorro as vitimas do caos sanitário ocorrido naquele ano, reacendeu a indignação e a revolta contra a exploração que a região tem sido alvo nos últimos séculos.

Na busca por domínios e fontes de recursos, os países centrais, tem fomentado está “insubordinação”. Ao conquistarem voz no conjunto de nações, os países locais tem compreendido sua capacidade de também questionar as condições dos acordos de cooperação, equilibrando interesses. Ainda estão iniciando nesta seara, mas diante do que viveram no passado, isso já é um grande avanço.

Para se ter uma noção do que vem acontecendo no mundo, uma montadora vietnamita de carros elétricos, depois de abrir seu capital na bolsa americana NasDaq atingiu valor de mercado superior as tradicionais Volkswagem, Ford, GM e BMW, ícones do velho mercado americano e europeu.

Este tipo de impacto tem abalado as estruturas tradicionais de poder. A reorganização de forças está em curso.

O conflito no leste europeu, segue em compasso de espera, recentes ataques aos portos ucranianos, tem elevado os temores de uma nova corrida nos preços de algumas comodities oriundas da região.

A Ucrânia vê a janela de verão se fechar diante de uma contraofensiva que não resultou em grandes avanços na retomada de seu território. Os dois lados do conflito já iniciam preparativos para um novo período de inverno que se aproxima.

A Europa voltou a sentir o impacto nos preços do gás, produto fundamental para o fornecimento de energia.

No final deste mês de agosto de 2023, o grupo dos Brics e mais cerca de trinta países, ameaçam lançar um novo indexador de negócios, atrelado ao valor do ouro, para fazer frente a ameaça que se tornou o dólar usado como arma de combate. O temor de também ser alvo de restrições ao acesso as reservas internacionais, acelerou o apoio a iniciativa tomada pelo grupo de emergentes.

Com os acontecimentos dos últimos três anos iniciamos esta nova década tão decisiva para os rumos da humanidade.

Estas pressões políticas e econômicas, repercutem as tensões que desde 2010/13 vemos espalharem-se por diversos países.

Caminhávamos para um modelo de sociedade em que o indivíduo seria apenas uma peça na engrenagem de moer vidas, mas algo agiu como areia na graxa, e agora sentimos que todo o mecanismo vibra em descompasso, e reverbera por todo o globo.

A desaceleração que agora se mostra visível na China é um fenômeno muito superior as condições econômicas e financeiras que foram negligenciadas durante o processo de super industrialização que o país experimentou a partir de 1970. Ela é decorrente de uma nova realidade social que o novo consumidor está experimentando. Os trezentos milhões de chineses que conquistaram a condição de consumidores nesse período, agora sonham com a liberdade de desfrutar desta nova posição e temem perder esta possibilidade diante da incerteza política que representa a ascensão de seu atual líder.

As diretrizes adotadas nos últimos dois anos, demonstram uma preocupação do poder central de impedir a ocidentalização dos hábitos e costumes do cidadão comum. Este fenômeno poderia impulsionar movimentos de insatisfação com as regas políticas e de conduta social que ainda imperam no país.

Esta postura mais autoritária por parte dos dirigentes políticos, tem sido vista em outras nações outrora ditas liberais. Países como, Nova Zelândia, Australia, Canada, Alemanha, Argentina, experimentaram durante o período da crise sanitária, condutas antes inimagináveis em suas sociedades, em termos de restrição as liberdades individuais, sendo que na esteira destas condutas outras imposições tem sido adotadas em diversos outros países, desde esse período.

As sociedades demonstram repudio ao avanço de medidas restritivas e limitadoras. Agricultores holandeses, foram as estradas com seus equipamentos diante de imposições de limitações as suas atividades.

Todo este acumulo de energia vem crescendo e promete uma brutal transformação no modo em que nos relacionaremos no futuro, seja socialmente, politicamente, diplomaticamente ou na economia.

O processo já se iniciou e está em curso, resta nos apenas, entender como ele ocorre, qual a nossa posição e quais condutas devemos adotar para sobreviver ao furacão que se forma no horizonte.

 

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